Migrantes de cinco países relatam histórias de vida na UniRitter
 

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Migrantes de cinco países relatam histórias de vida na UniRitter

20 / Outubro / 2022

Racismo, xenofobia, machismo e a saudade do país de origem foram os principais tópicos abordados pelos cinco migrantes que participaram da palestra “Como é ser um imigrante em Porto Alegre? Vivências, histórias e perspectivas”. Organizado pelo Núcleo de Apoio e Assessoria a Refugiados e Imigrantes (NAARI), o evento aconteceu no Auditório Master do Campus Zona Sul da UniRitter na noite de 19 de outubro.

A colombiana Alejandra Chacon, 21 anos, estudante de Arquitetura e Marketing Digital, relatou o início da sua trajetória e como a Associação Beneficente São Carlos – Centro Ítalo Brasileiro de Assistência e Instrução às migrações (CIBAI Migrações) abriu novos caminhos dentro da sua de vida, graças ao seu trabalho na entidade. Ela relatou que assim consegue pagar suas duas faculdades.

Em seguida, a vez de falar foi da Gaelfie Ngouaka, congolesa, 24 anos, estudante de Saúde Coletiva da UFRGS. Para ela, a maior barreira foi a língua portuguesa e também o choque do racismo no Brasil. Destacou ainda que um dos problemas foram as pessoas lhe oferecendo comida, mesmo não passando por dificuldades. Entende que existe uma falta de políticas públicas voltadas para os migrantes e oportunidades de trabalho que os valorizem.

Henry López, nascido na Colômbia, mas criado na Venezuela, migrou para conhecer seu neto e seu plano era passar as férias, mas acabou perdurando por mais tempo por perder o voo de volta. O advogado afirmou que ao olhar seus compatriotas, são muitos problemas que as pessoas que vêm ao Brasil enfrentam. “Porto Alegre não tem políticas coerentes para imigrantes”, afirmou. Reconheceu, no entanto, que o povo brasileiro é muito solidário com a questão migratória, porém nem todos têm a sorte de ter uma boa acolhida pelo povo nativo. Ao finalizar sua fala, leu um poema que retrata sobre a saudade, a xenofobia e o medo que enfrenta quem migra de um lugar para o outro.

Depois de sua fala, a vez foi do haitiano Jean Eric que salientou não só suas vivências em Porto Alegre, mas no Brasil. O começo de sua história como imigrante foi devido ao terremoto, que fez com que tivesse que repensar sobre seus próximos passos de vida. Ele acentuou que a língua foi um empecilho, a ponto dos trabalhos de faculdade serem auxiliados com a ajuda do Google Tradutor.

Mas não deixa de fora o racismo que perdura ainda hoje na sociedade brasileira. “O racismo era tão forte que eu tinha vontade de trancar o curso, porém eu demorei para perceber a situação em que eu passava”. Mesmo com todas essas dificuldades, Jean concluiu a faculdade. Hoje, depois de muita luta, uma das coisas que pede é igualdade acima de tudo e acredita que a luta pelos imigrantes é sobre inclusão.

O último a falar foi Januário Gonçalves, angolano, que veio ao Brasil pelo sonho de jogar futebol e também pela promessa do pai de vir para o país para conhecer. Instalou-se no Rio de Janeiro e em seguida veio para Porto Alegre. Hoje, pai, imigrante, empresário e presidente da Associação dos Angolanos, frisa que a ajuda do seu pai e de outras pessoas em sua vida foi essencial. A luta é contra o racismo, a xenofobia e a falta de políticas necessárias para o seu povo. Segundo ele, “o Brasil é um pai desnaturado que consegue o filho e depois o abandona”.

 

Texto elaborado pela aluna Sthefany Canez