Maio vermelho: o impacto do cigarro eletrônico na saúde bucal
29 / Maio / 2025
Professora de Odontologia da UniRitter alerta sobre os riscos de câncer de boca associados ao uso de cigarro eletrônico
Durante o mês de maio, a campanha Maio Vermelho tem o propósito de alertar a população para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de boca. Apesar de ainda pouco discutida fora dos consultórios odontológicos, essa é uma das doenças mais agressivas do trato bucal e, quando diagnosticada tardiamente, apresenta altos índices de mortalidade.
Neste ano, o alerta ganha um novo componente de preocupação com o uso crescente de cigarros eletrônicos, especialmente entre adolescentes e jovens adultos. Embora muitas vezes vistos como alternativas menos prejudiciais ao cigarro convencional, os dispositivos eletrônicos vêm sendo associados a problemas bucais graves. A professora de odontologia da UniRitter Jeniffer Zettermann alerta que esses dispositivos podem causar irritação na mucosa, ressecamento da boca, inflamações gengivais e até dificultar a cicatrização de lesões bucais, além de liberarem substâncias tóxicas e cancerígenas.
Os cigarros eletrônicos
Mesmo proibidos no Brasil, os cigarros eletrônicos continuam sendo amplamente comercializados. A falta de regulamentação agrava ainda mais o problema, já que muitas vezes não se sabe ao certo quais substâncias estão sendo inaladas. “Eles são vendidos como se fossem mais seguros, mas isso não é verdade. Esses dispositivos liberam substâncias tóxicas e cancerígenas, alteram a composição da saliva e a microbiota bucal, podendo ser até mais prejudiciais que o cigarro convencional justamente por não seguirem qualquer controle de qualidade”, alerta a professora.
Esse consumo desregulado representa um risco ainda maior, principalmente porque os efeitos muitas vezes não são imediatos, mas se acumulam ao longo do tempo, aumentando significativamente as chances de desenvolvimento de doenças bucais, inclusive o câncer.
Fatores de risco do câncer de boca
Segundo a docente, os principais fatores de risco para o câncer bucal incluem o uso de tabaco em suas diversas formas: cigarro, cachimbo, charuto e, mais recentemente, o cigarro eletrônico. O consumo abusivo de álcool, a exposição solar sem o uso de protetor, especialmente no caso do câncer de lábio, e a má higiene bucal. Além disso, o vírus HPV e o histórico familiar da doença também estão entre os fatores que aumentam a chance de desenvolvimento do câncer de boca.
A exposição ao sol é muitas vezes subestimada: as pessoas tendem a aplicar protetor solar no rosto, mas esquecem dos lábios, que também precisam de proteção. A professora lembra que esses fatores, quando somados, potencializam ainda mais o risco. Por isso, a prevenção deve ser multifatorial.
Efeitos imediatos do uso do cigarro eletrônico
Os efeitos à saúde bucal podem ser imediatos. “Eles causam irritação na mucosa da boca, ressecamento, redução da salivação (condição chamada de xerostomia), inflamação gengival e alteração no paladar. Também prejudicam a cicatrização, o que pode ser um agravante caso a pessoa tenha alguma lesão ou precise realizar procedimentos odontológicos”, explica Jeniffer.
Como se prevenir
A prevenção do câncer de boca envolve práticas que são, em grande parte, conhecidas, mas nem sempre adotadas. Evitar o uso de cigarro e de bebidas alcoólicas em excesso, manter uma higiene bucal adequada, utilizar protetor labial com filtro solar e adotar uma alimentação equilibrada são atitudes fundamentais. A vacinação contra o HPV também contribui na prevenção, uma vez que o vírus está relacionado a alguns tipos de câncer bucal.
Além desses cuidados, a professora destaca a importância das visitas regulares ao dentista e da atenção a sinais precoces. “Feridas ou manchas na boca que não cicatrizam em até três semanas devem ser avaliadas por um profissional. Lesões que podem se tornar malignas geralmente não causam dor no início, o que faz com que muitas pessoas não deem atenção. O tempo é um fator determinante no tratamento e na cura”, enfatiza.