Rolagem infinita afeta noção de tempo e pode causar dependência
 

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Rolagem infinita afeta noção de tempo e pode causar dependência

20 / Março / 2024

Usados com moderação, aplicativos e redes sociais podem ser excelentes ferramentas, mas é preciso lembrar que se tratam de negócios que lucram ao manter pessoas conectadas

Você vai dar uma olhadinha nas redes sociais e quando percebe já se passaram horas, entre textos, fotos ou vídeos. Ou decidiu assistir a apenas um episódio e acabou maratonando a série inteira, sem precisar apertar nenhum botão. Esses são efeitos da rolagem infinita: seja na linha do tempo das redes ou em aplicativos de streaming – que seguem tocando músicas e vídeos sem que a gente faça qualquer ação proativa. Tudo isso nos deixa mais tempo em frente às telas, e especialistas alertam que essa imersão profunda pode trazer prejuízos, individuais e coletivos, e até causar dependência.

“A tecnologia está em nosso cotidiano, o desafio é saber dosar. Longe de ser vilã, ela nos traz muitas coisas boas, auxilia na comunicação, aproximação, informação, entretenimento. Mas é muito diferente da forma que consumimos conteúdo no século passado – ou mesmo na década passada! Hoje, temos acesso a todo tipo de informação a qualquer momento, e isso, da mesma forma que pode ampliar nossos horizontes, também pode nos limitar. É preciso estabelecer uma relação saudável”, aponta a especialista em saúde pública Aline Soares, professora de Psicologia da UniRitter. Ao mesmo tempo, para as empresas que administram essas plataformas nosso tempo online é oportunidade de lucro.

 

Modelo de negócio

Quanto mais tempo ficamos conectados, mais chances as plataformas têm de monetizar nosso consumo dessas tecnologias. “Consumir é um ideal de vida e é preciso fazer com que as pessoas comprem. E nos deixamos levar facilmente pois estamos inseridos nessa sociedade de consumo e espetáculo, da busca de destaque e visibilidade para se sentir parte”, avalia a psicóloga. Nos Estados Unidos, há dezenas de processos contra a Meta (dona de Instagram e Facebook) por explorar tecnologias para atrair jovens em detrimento dos efeitos na saúde. Porém, nada indica que vá haver uma mudança que parta das plataformas, afinal este é seu modelo de negócio.

“Tudo é baseado em análise de dados, essas empresas conhecem bem os usuários: o que assistem, ouvem, lêem. Esses dados são recebidos de diversas formas pelos algoritmos, e a gente aceita isso quando abre uma conta – muitas vezes sem ler os termos de consentimento. Assim, formam-se os sistemas de recomendação: se eu sei o que você gosta e consome, vou entregar mais disso. E vai ficando tão eficaz que, às vezes, sem se dar conta, a gente acaba até vendo anúncio sem pular, porque ele nos interessa, faz sentido. Isso é feito para que a gente consuma marketing como conteúdo”, explica Vinícius Cassol, professor de Tecnologias da Informação da UniRitter.

 

Noção do tempo

Porém, há mais consequências do tempo que passamos online para além de sermos submetidos constantemente a anúncios publicitários. No aspecto individual, elas vão da produtividade no dia a dia a questões de saúde mental. Na esfera coletiva, afetam as formas como nos relacionamos em sociedade e a formação cognitiva de crianças que já crescem em meio a essas tecnologias. “O modo como atinge a noção do tempo é verificável em nossa produtividade. Às vezes vamos dar só uma olhadinha numa rede social e quando vimos já passou uma hora, duas horas… Tempo que aproveitamos de forma palpável se conseguimos passar um dia longe do celular, resolvendo coisas fora das telas”, exemplifica Aline.

Citando o filósofo Zygmunt Bauman, ela fala sobre os desafios educacionais e pedagógicos na “modernidade líquida”, em que a solidez das coisas e das relações duradouras são vistas como ameaças. “Estamos imersos nas redes sociais onde é tudo muito instantâneo, e a rolagem tem esse aspecto atemporal, em que diversos conteúdos se resolvem em 30 segundos, enquanto a vida não se resolve dessa forma, tem outro tempo. Nós precisamos de planejamento, de pensar sobre determinado assunto. Por isso ficamos vulneráveis ao modo como os algoritmos trabalham para captar nossa atenção e nos colocar em bolhas do mundo ideal”, detalha.

A sensação de que estamos sempre atrasados para alguma novidade pode ser gatilho de ansiedade e comparável com o vício em drogas. “Essa incapacidade de parar de rolar a tela é uma dependência. A comparação com drogas é válida, pois não só explora como potencializa fragilidades. É uma eterna sensação de que a grama do vizinho é mais verde, e agora ela é cada vez mais verde mesmo, pois tem filtros, não é real”, pondera a docente. Vinícius faz coro: “Teoricamente, é um recurso para facilitar nossas vidas e nos sentirmos bem. Mas é prazer momentâneo. Quando você está prestes a largar a tela, vem algo novo, que te retém. É como uma droga mesmo. Estamos sempre recebendo coisas que nos chamam atenção, os algoritmos estão mais eficientes nesse sentido.”

 

Ideais irreais

A busca por modelos ideais, seja de corpo, relacionamento ou organização da casa, também pode gerar muita ansiedade e frustração. “Enquanto o Brasil é um dos países mais ativos nas redes sociais, também lideramos os casos de ansiedade. Isso não se dá por acaso. O aumento de quadros de depressão e déficit de atenção também está muito relacionado a essa imersão nas telas, que foi agravada na pandemia. Durante o isolamento, as tecnologias nos permitiram acesso a um mundo paralelo, para dar conta daquele momento, o que foi muito bom. Mas agora que podemos nos voltar ao mundo lá fora, seguimos presos às telas”, aponta Aline.

Quanto mais jovem, maior a vulnerabilidade. “A infância é uma fase para brincar em atividades que desenvolvam trocas, relações sociais, capacidades de resolver problemas e lidar com frustrações. Crianças com acesso às telas estão sendo privadas disso, o que pode levar a danos cognitivos. Nesse sentido, temos uma consequência coletiva devastadora, pois é uma geração que vai crescer sem esses recursos, sem conseguir lidar com os erros. Já na adolescência passamos por muitas mudanças, internas e externas. Como um adolescente vai se sentir quando suas referências aparentam vidas perfeitas, peles sem espinha?”, questiona a docente. O sentimento de pertencimento fica prejudicado e gera muito estresse.

 

Regulamentação

A falta de recursos para lidar com frustração pode levar ao individualismo e até à agressividade. E aí está outro perigo das tecnologias: bolhas de pensamentos polarizados, disseminação de fake news e discursos de ódio. “As redes não têm filtros de segurança eficazes, e permitem acesso à desinformação e a opiniões extremistas que são reproduzidas como verdades”, critica a psicóloga. Recentemente, o Parlamento europeu chegou a um acordo para regular o uso da inteligência artificial, o que passa também pela forma como somos monitorados nas telas e que tipo de conteúdo consumimos.

Vinícius entende que há necessidade de regulamentação, e que ela precisa ser definida por países. “Assim como os processos contra a Meta nos EUA, há movimentos pedindo que se pare de avançar nesse tipo de tecnologia de rolagem infinita até que haja a regulamentação. Isso é muito cultural. As empresas são globais, mas cada cultura recebe a informação de uma forma diferente, então será necessário soluções diferentes”, aponta o professor de TI.

 

Há tanta vida lá fora

Enquanto não há uma regulação no Brasil que ajude a conter os gatilhos viciantes das plataformas, é preciso buscar a dose ideal individualmente ou em família. Tanto Aline quanto Vinícius percebem a necessidade de uma reconexão consigo mesmo. “Precisamos estar bem conosco. Esse é o poder do engajamento, a tecnologia traz recompensas que a vida falha em oferecer. Quem não está satisfeito com a vida, fica preso”, pondera o professor. Ele sugere inserir a tecnologia em momentos pontuais da rotina, para limitar e não perder a percepção do tempo conectado.

“Com o imediatismo da vida online, deixamos de valorizar nossa ancestralidade, histórias de vida, relações com os outros e a natureza. Precisamos descobrir o que a gente gosta fora das redes. Aí, podemos, inclusive, utilizá-las com propósito, e não apenas rolando a tela. Se gostar de caminhar, de mexer com plantas, de meditar, é possível encontrar muito conteúdo sobre tudo isso. Assim, usar a tecnologia para buscar informações sobre o que se gosta e não como anestésico. É preciso olhar para fora. E se for muito difícil, se gerar sofrimento, é válido buscar terapia, para entender as causas dessa dificuldade e dar contornos para essa ansiedade”, recomenda a psicóloga.

Vinícius Cassol, TI

 

– Por que redes sociais e aplicativos de streaming adotam a rolagem infinita?

Tudo é baseado em análise de dados, essas empresas conhecem bem os usuários, o que assistem, ouvem, lêem. Esses dados são recebidos de diversas formas pelos algoritmos, sem precisarmos nem estar usando as ferramentas, basta falar perto do celular, por que tudo que fazemos, clicamos e quanto tempo nos detemos numa imagem é monitorado. Está nos termos de autorização de privacidade, que a gente aceita quando abre uma conta em algum aplicativo – e muitas vezes sem ler. Esses termos dizem que nossos dados podem ser analisados. Assim, formam-se os sistemas de recomendação: se eu sei o que você gosta e consome, vou entregar mais disso. E vai ficando tão eficaz que às vezes, sem se dar conta, a gente acaba até vendo anúncio nas plataformas sem pular, porque ele nos interessa, faz sentido. Isso é feito para que a gente consuma marketing como conteúdo.

Algoritmos funcionam para prender nosso interesse, nos manter mais tempo nas telas, pois assim recebemos mais anúncios, e esse é modelo de negócio. Quanto mais tempo na tela, mais chance para as plataformas monetizarem. Por outro lado, conseguem mapear o perfil da entrega do conteúdo, a retenção do usuário, se ele clica no anúncio. Essa parte financeira é importante para os anunciantes: entender a entrega.

 

– Existe algum debate ético – tanto entre profissionais como na academia – sobre os impactos que esse modelo tem na saúde mental?

Não existe uma regulamentação, que precisa ser definida por cada paí. Nos Estados Unidos, está em alta o número de processos pelos danos que o aprisionamento às telas causa aos usuários. Teoricamente, é um recurso para facilitar nossas vidas, nos sentirmos bem. Mas é prazer momentâneo. Quando você está prestes a largar o celular, vem algo novo, que te retém. É como uma droga mesmo. Estamos sempre recebendo coisas que nos chamam atenção, os algoritmos estão mais eficientes nesse sentido. Mas já há um movimento de pedir que se pare de avançar nesse tipo de tecnologia até que haja regulamentação. Isso é muito cultural, as empresas são globais, mas cada cultura recebe a informação de uma forma diferente.

 

– É possível desenvolver uma relação saudável com a tecnologia? Como?

É possível, mas entendo que desde que esteja bem comigo mesmo. Esse é o poder do engajamento. A tecnologia traz recompensas que a vida falha em oferecer. Quem não está satisfeito com a vida, fica preso.

 

– Que práticas adotar para evitar ou sair do vício tecnológico?

Tem que entrar na rotina de forma definida, com horários. “Vou acessar o TikTok enquanto tomo esse café e quando terminar vou parar.” Há aplicativos para a organização da rotina também. É preciso saber dosar os usos da tecnologia.

O mundo se moldou a usar tecnologia, internet, na rotina, no dia a dia. Então é preciso fazer uma higiene da tecnologia. Há vida lá fora. É preciso bom senso e lembrar que nada é tão instantâneo que não se possa deixar para ver depois. Mas é uma educação. Hoje vemos crianças com tablets em restaurantes, famílias que se reúnem no Natal e fica cada um mexendo no celular, apenas juntos de corpo presente.

Aline Soares, Psico

 

– Como isso afeta a nossa noção de tempo?

A tecnologia está no nosso cotidiano, então saber dosar é um desafio. A primeira coisa a ter em mente é que ela não é uma vilã, traz coisas boas, nos auxilia na comunicação, aproximação, informação, entretenimento. Mas é muito diferente da forma que consumimos conteúdo no século passado – ou mesmo na década passada! Hoje, temos acesso a todo tipo de informação a qualquer momento e isso, da mesma forma que pode ampliar nossos horizontes, também pode nos colocar numa bolha. Portanto, a tecnologia pode estar a nosso favor, se a utilizarmos de forma saudável.

O modo como ela afeta a noção do tempo é verificável até por nossa produtividade. Às vezes vamos dar só uma olhadinha numa rede social e quando vimos já passou meia hora, uma hora – tempo que aproveitamos de forma palpável se conseguimos passar um dia longe do celular, resolvendo coisas fora das telas.

Isso traz consequências individuais e coletivas. O filósofo Zygmunt Bauman já falava sobre os desafios educacionais e pedagógicos na modernidade líquida, em que a solidez das coisas e das relações duradouras são vistas como ameaças. Estamos imersos nas redes sociais onde é tudo muito instantâneo, e a rolagem tem esse aspecto atemporal, em que diversos conteúdos se resolvem em 30 segundos, enquanto a vida não se resolve dessa forma, tem outro tempo. A vida dentro e fora do celular não se conecta no mesmo tempo, nós precisamos de tempo de planejamento, de pensar sobre determinado assunto. Por isso ficamos vulneráveis ao modo como os algoritmos trabalham para captar nossa atenção e nos colocar em bolhas do mundo ideal.

Do ponto de vista social, isso é preocupante a longo prazo. Mas as consequências individuais já podem ser vistas: enquanto o Brasil é um dos países mais ativos nas redes sociais, também lideramos os casos de ansiedade. O aumento nos quadros de depressão, de déficit de atenção também está muito relacionado a essa imersão nas telas, que foi agravada durante a pandemia pelo isolamento, pois permitiu acesso a um mundo paralelo para dar conta, o que foi muito bom naquele momento, mas agora podemos nos voltar ao mundo lá fora.

O tempo excessivo nas telas nos leva à busca de um ideal perfeito: seja corpo, relacionamento, viagem, casa. Isso nos rouba a capacidade de lidar com problemas, com frustrações, especialmente os mais jovens ficam vulneráveis. Crianças com acesso às telas estão sendo privadas de brincar, ensinamos que o telefone ou tablet vai fazer isso por ela, e isso gera um dano psicológico e cognitivo: uma criança que não brinca, não faz trocas, não desenvolve relações sociais, capacidade de resolver problemas e lidar com frustração. Nesse sentido, temos uma consequência coletiva no futuro devastadora. Pois é uma geração que vai crescer sem esses recursos, sem conseguir lidar com o erro. E isso pode levar a uma agressividade, individualidade, a se voltar para uma bolha, onde há pensamentos polarizados, risco de fake news, sem aceitar pontos de vista externos. Pois as redes não têm filtros de segurança eficazes, elas permitem o acesso à desinformação, a grupos de ódio, em que opiniões extremistas são reproduzidas como verdade.

Na adolescência, que é um período que se passa por muitas transformações, internas e externas, é um risco não encontrar identificação. Ninguém tem espinha, a maquiagem é sempre perfeita,o  corpo perfeito. Leva a idealizar um lugar que não existe, através de intervenções estéticas, nessa busca pela serialização dos corpos, de uma perfeição irreal num universo muito dinâmico. O que é tendência, o que é bonito hoje, amanhã já muda, e é preciso uma nova aparência, novos produtos para o novo perfeito. O sentimento de pertencimento fica prejudicado e gera muito estresse. Estamos sempre atrasados para alguma novidade. Essa aceleração tira a noção do meu tempo individual enquanto rolamos a tela, mas é uma aceleração subjetiva, pois será impossível acompanhar.

 

– Quais os riscos de abandonar práticas analógicas – como ler um livro ou fazer exercícios físicos – por viver imerso em linhas do tempo infinitas?

O distanciamento nas relações é muito presente, temos cada vez mais amigos nas redes e menos na vida real. Temos essa facilidade de contato e ao mesmo tempo de distanciamento absurdo. E quando a gente se isola, causa prejuízos de empatia, de perceber o outro e a nós mesmos, de autoconhecimento. O potencial criativo, o momento de reflexão se perde, não olhamos mais para nossas próprias questões. Pode ser fuga, numa perspectiva individual, de não olhar para si, suas questões, seus problemas. Pode mascarar uma depressão. Mas essa incapacidade de parar de rolar a tela é uma dependência. A comparação com drogas é válida, pois não só explora como potencializa fragilidades. É uma eterna sensação de que a grama do vizinho é mais verde, e agora ela é cada vez mais verde mesmo, pois tem filtros, não é real.

Isso faz parte de um plano neoliberal, afinal as plataformas são empresas e esse é o modelo de negócio. Consumir é um ideal de vida e é preciso fazer com que as pessoas comprem. E nos deixamos levar facilmente pois estamos inseridos nessa sociedade de consumo e espetáculo, da busca de destaque e visibilidade para se sentir parte.

 

– É possível desenvolver uma relação saudável com a tecnologia? Como?

Medidas drásticas precisam ser tomadas do ponto de vista coletivo. Medidas institucionais e governamentais, pois hoje é uma terra sem lei, os usuários ficam muito vulneráveis. Alguns governos já tomam medidas para reduzir a oferta dessa rolagem infinita, pensando no quanto ela é prejudicial à saúde mental, por gerar uma imagem distorcida do mundo e da realidade, e suas consequências, como depressão, suicidio. O Parlamento europeu chegou a um acordo para regular o uso da inteligência artificial, o que passa pela forma como somos monitorados nas telas e que tipo de conteúdo consumimos. Esse é um passo importante que precisa ser ampliado.

 

– Que práticas adotar para evitar ou sair do vício tecnológico?

É um desafio, pois as telas estão no nosso cotidiano e têm ferramentas fantásticas. Acredito que a psicoeducação esteja no caminho, precisamos falar que há prejuízos em crescer diante das telas, auxiliar os pais a limitar o uso no início da vida, não permitir o livre acesso às crianças, ensinar a criar tempos de uso e autocontrole. Precisamos também nos apropriar desses recursos e utilizá-los a favor da sociedade e da educação. Os educadores devem conhecer suas linguagens e trazer exemplos para as salas de aula, pois os alunos trazem assuntos que surgiram nas redes sociais, e eles podem aprender a pesquisarem contrapontos e outros pontos de vista nas mesmas ferramentas, não consumindo os conteúdos como única verdade. A internet é uma ferramenta fantástica para popularização da ciência, por exemplo. A academia precisa saber utilizar de forma interessante, que atraia. Não podemos nos retirar desse lugar, precisamos estar lá, entregando material que dialogue com as pessoas, também falar para fora da nossa bolha.

 

– Ponto de vista individual

A gente precisa se reconectar conosco, com nossa ancestralidade. Com o imediatismo, deixamos de valorizar coisas da história de vida, das relações com outros, com a natureza, descobrir o que a gente gosta fora das redes. Assim, podemos, inclusive, utilizá-las com propósito, e não apenas rolando a tela. Se gosta de caminhar, de mexer com plantas, de meditar, é possível encontrar muito conteúdo sobre tudo. Usar a tecnologia para buscar informações sobre o que se gosta e não como anestésico. Hoje a gente nem olha a comida, se alimenta em frente às telas, sem prestar atenção, isso colabora com os altos índices de obesidade. É preciso olhar para fora. E se for muito difícil, se gerar sofrimento, é válido buscar uma terapia, para entender as causas dessa dificuldade e dar contornos para essa ansiedade.